Personalidade em destaque Carlo Ratti,arquiteto e engenheiro, lidera o estúdio de design e inovação CRA (Nova Iorque e Turim) e é o diretor do MIT Senseable City Lab. Recentemente, colaborou com a plataforma rocagallery.com, onde fez uma reflexão sobre a forma como os big data e a tecnologia podem contribuir para melhorar a saúde das pessoas. Além disso, foi júri da oitava edição do jumpthegap , o concurso internacional de design da Roca.® O seu trabalho centra-se na utilização de novas tecnologias para melhorar a vida nas cidades. Como podem ser utilizadas de forma a melhorar a saúde e o bem-estar? A saúde e o bem-estar não podem ser reduzidos a apenas um fator numérico, mas a informação que obtemos a partir da tecnologia digital ajuda-nos a ter uma maior consciência em relação a determinadas questões. Se eu receber mais informações sobre o meu comportamento, eu posso melhorá-lo; é uma forma de criar um circuito de feedback saudável, tanto a nível individual como social. Creio que a autoabordagem quantificável é um exemplo positivo de como a recolha de dados sobre nós mesmos pode promover um estilo de vida mais ativo e fomentar as dinâmicas sociais. O conceito de cidade inteligente (smart city) é, muitas vezes, O design e a arquitetura têm Uma das principais tarefas da sociedade em geral, e,portanto, dos designers e arquitetos, é enfrentar o desafio objeto de crítica, devido à andado sempre lado a lado na da preservação do meio ambiente. Os arquitetos têm uma abordagem elitista, vertical sociedade e na evolução da responsabilidade especial, já que o setor da construção tecnologia. Quais são os desafios representa cerca de 50% de toda a energia consumida em e desumanizadora. Como muitos países do mundo. podemos evitar os efeitos que teremos de enfrentar nos potencialmente negativos da próximos anos? Como imagina que será o espaço tecnologia sobre a psicologia Creio que estamos diante de uma grande oportunidade: explorarde banho do futuro? humana, o bem-estar ou a saúde como podemos integrar, de forma positiva, as tecnologias digitaisPenso que será, cada vez mais, o espaço da “saúde” de nos espaços físicos. O sonho de Le Corbusier, arquiteto francês dotodas as casas. Graças à deteção omnipresente, vamos da sociedade como um todo? século XX, era “conceber, de forma harmónica, uma cidade quepoder monitorizar constantemente os nossos sinais vitais, fosse a expressão da nossa civilização mecanizada”. No entanto, aassim como realizar diferentes tipos de análises, graças Sim, tem havido críticas a este conceito, e concordo nossa civilização transitou da mecanização para a computação. A frequentemente com elas. É por isso que prefiro o termo revolução digital – a convergência entre bits e átomos – está prestesao desenvolvimento da abordagem “lab-on-chip”. No MIT, “senseable city”, uma vez que, para mim, tem uma a tornar-se na transformação mais radicalmente disruptiva queno âmbito do nosso projeto Underworlds, monitorizamos abordagem mais humanística: sintetiza as possíveis alguma vez reformulou o design, a construção e o funcionamentoo microbioma humano através da amostras de águas vantagens sociais da integração das tecnologias da Internet do nosso edificado. Tal como as máquinas nos trouxeram a residuais. Estou convencido de que, num futuro próximo, das Coisas (Internet of Things) nos espaços urbanos, capacidade de uniformização e a alta produtividade, as ferramentasisto poderá ser realizado ao nível individual, sempre que contrariamente à tecnologia per se. O termo “senseable” digitais podem trazer dinamismo, variedade e capacidade de utilizarmos os nossos espaços de banho. reúne a capacidade de sentir (sense) através das resposta. O desafio de Le Corbusier passa a ser “como conceberPenso que o jumpthegap®proporciona a oportunidade de refletir, tecnologias digitais e a qualidade humana da sensibilidade uma cidade que seja a expressão da nossa civilização digital”.de forma crítica e produtiva, sobre um espaço que é essencial no (sensible), colocando as pessoas e respetivas necessidades Um aspeto fundamental é a capacidade de resposta. A nosso quotidiano e que, muitas vezes, é negligenciado. no centro. Em última instância, é uma questão de arquitetura — e, de uma forma mais geral, o urbanismo — tem abordagem: de cima para baixo ou de baixo para cima. sido frequentemente descrita como uma espécie de “terceira pele”, que está depois da nossa pele biológica e da nossa roupa.Considera que é necessário Está atualmente no MIT Senseable No entanto, temos de reconhecer que esta pele tem sido a maisincentivar os jovens estudantes e rígida e intransigente das três, quase como se fosse um espartilho.profissionais a refletirem sobre o City Lab a trabalhar em vários Consideramos que as tecnologias disruptivas digitais da revoluçãofuturo da arquitetura e do design? projetos relacionados com a da Internet das Coisas têm o potencial de fazer com que essa pele seja mais flexível, permitindo que o ambiente construído comece aPor que razão? análise da saúde. Pode falar-nos adaptar-se a nós e gere uma arquitetura viva e personalizada queseja moldada pela vida no seu interior. sobre alguns desses projetos? Sim, e não no sentido de prever o futuro, mas de ter umpapel na sua criação. Como referiu o grande Karl Popper, Um dos exemplos mais recentes é o Weibo Smog. Utilizamos Serão os jovens designers e “O futuro está em aberto. Não é predeterminado. Ninguémpode prevê-lo, exceto por acaso. Todos contribuímos para os dados do Weibo — o equivalente chinês do Twitter — arquitetos em parte responsáveis para compreender a sensibilidade, em diferentes zonas da determiná-lo através de nossos atos. Todos nós temos a China, à poluição ambiental, com base nos respetivos perfis pela forma como o mundo será mesma responsabilidade no seu sucesso”. socioeconómicos. Esperamos que, através do estudo e da no futuro próximo? Como podem divulgação das diferentes formas pelas quais a contaminação ambiental afeta os cidadãos chineses e a respetiva saúde, eles contribuir para assegurar a os políticos e outros responsáveis consigam estar mais bem preservação do meio ambiente? preparados para resolver este problema. Roca S.A. Apartado 575 Ponte da Madalena 2416-905 Leiria +351 244 720 000 www.roca.pt roca.portugal@pt.roca.net 0202 lagutroP .A.S ,acoR ©