Figura em destaque Entrevista a Enrique Sobejano e Fuensanta Nieto, do atelier de arquitetura Nieto Sobejano, Prémio Aga Khan de Arquitetura 2010 A EMPRESA NIETO SOBEJANO PARTICIPOU NA tátil que temos dos mesmos: áspero, suave, húmido, duro, interessam como arquitetos. EXPOSIÇÃO «RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA. A frio, mole, ... É frequente as nossas decisões num projeto São ambos professores. O que MEMÓRIA NO DESIGN» começarem por aí: não dizemos «queremos usar betão, ou pedra, ou vidro, etc.», mas, por exemplo, «um material dizem aos alunos que estudam suave ou translúcido ou maciço, etc.» arquitetura? Dizem sempre que uma das O facto de terem realizado tantos Ensinamo-los a pensar, a encontrar o seu próprio vossas principais fontes de caminho e a terem consciência da responsabilidade que inspiração é a memória projetos relacionados com a vão ter como arquitetos de melhorar a qualidade de vida das pessoas. E fazemo-lo transmitindo-lhes que o que pessoal. Qual é o papel das cultura afeta a forma como dizemos nas aulas é também o que fazemos na nossa vida definem os vossos edifícios? profissional. Acreditamos que esse é o melhor exemplo. recordações de infância no design Os projetos relacionados com a cultura que projetámos, das vossas obras? fundamentalmente museus, centros de arte ou De todas as vossas obras, qual foi Todos, e não só os arquitetos, estamos ligados a intervenções no património, partilham aspetos essenciais. a mais especial? Porquê? recordações, imagens e impressões, em grande parte Por um lado, relacionam-se com a memória, com o vindas da nossa infância e adolescência, e modificadas passado, e, por outro, trata-se quase sempre de espaços Talvez o Museu de Madinat al-Zahra. Abriu-nos muitos por novas experiências. Como arquitetos, essa é, públicos. Estes dois parâmetros, a memória e o espaço caminhos; o projeto relaciona-se com o lugar, com a sem dúvida, uma fonte contínua de inspiração, que se público, são, provavelmente, os temas que mais nos história, é um exemplo de como conciliar a arquitetura manifesta de algum modo nas nossas obras. contemporânea com a paisagem e a memória. Quando desenham, fazem-no sempre recordando uma experiência anterior? Gostamos de pensar que os projetos já existem, sem o sabermos, na nossa memória. Reaparecem inesperadamente a partir de estranhas associações das quais raramente temos consciência. Ao longo de todo o projeto, há um momento em que uma memória já esquecida se aviva: uma imagem, um som ou uma frase gravada; um indício que nos conduz por um determinado caminho. Como pode a arquitetura reconectar o ser humano com a sua infância? Projetamos, selecionando no nosso subconsciente, o que recordamos de sensações que um dia tivemos: sons, texturas, odores, imagens por vezes difusas que se tornam inesperadamente nítidas. Recorremos, mesmo sem o pretendermos, às nossas experiências diretas — a melhor aprendizagem — e ao arquivo de dados que recebemos das viagens, das conversas, das leituras, dos filmes, dos sonhos, ... Pode um material, uma textura, uma forma ou um odor ser a origem de uma decisão instintiva? Por exemplo, a Fuensanta lembra-se especialmente do odor da flor de laranjeira na casa da família. Muitos anos mais tarde, ao plantar laranjeiras nos pátios do nosso Museu de Madinat al-Zahra, esta memória associada ao olfato levou a uma decisão importante. Há outras ocasiões em que a luz se torna protagonista. Recordar um espaço devido à sua luz é, provavelmente, um dos estímulos que mais influenciam os nossos projetos. Embora todos os sentidos participem, não há dúvida de que a experiência visual é determinante. No que respeita aos materiais, as recordações de infância têm mais a ver com a perceção Roca, S.A. Apt. 575 Ponte da Madalena 2416-905 Leiria T. 244 720 000 | Fax. 244 722 373 www.pt.roca.com 7102 lagutroP .A.S ,acoR ©